Deputado alerta para relatório dos Bombeiros que aponta graves irregularidades no HGE e pede intervenção do Ministério Público

O relatório do Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas (CBMAL) que aponta irregularidades graves no Hospital Geral do Estado (HGE) foi apresentado pelo deputado estadual Cabo Bebeto (PL), nesta quarta-feira, 01, na sessão ordinária da Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE).

Em seu pronunciamento, o parlamentar fez uma “linha do tempo” e lembrou que, em 24 de setembro de 2021, fez uma visita ao HGE, junto com os deputados Davi Maia (UB) e Dudu Ronalsa (MDB). Quatro dias depois, foi enviado um ofício pela 9ª Comissão de Direitos Humanos e Segurança Pública, presidida por Cabo Bebeto, ao Comandante Geral do CBMAL, solicitando uma vistoria, uma vez que que foram encontradas situações como fiações expostas, gambiarras com infiltrações e pingueiras próximas a instalações elétricas, além de aparelhos de ar condicionado em péssimas condições.

No dia 19 de outubro de 2021, os bombeiros informaram que o resultado da fiscalização seria enviado à Comissão. Sete meses depois, em maio de 2022, o relatório, assinado em 05 de outubro de 2021, foi enviado, trazendo observações preocupantes e apontou, entre outras coisas, que “em pesquisa nos arquivos do Sistema de Acompanhamento de Projetos de Segurança, o HGE não possui projeto aprovado”.

Na “visita técnica”, o CBMAL identificou que, em relação ao combate a incêndio, a unidade possui caixas de hidrantes sem sinalização e com as mangueiras sem selo de teste; esguichos e chaves de mangueiras faltando; inoperância do sistema de detecção e de alarme de incêndio; falta de sistema de bomba de incêndio e inoperância do sistema de chuveiros automáticos. Nos corredores não há corrimão e guarda-corpo para deficientes; ausência de placas de sinalização; falta de sinalização das saídas de emergência e falta de iluminação. No telhado, os militares constataram a falta de sistema de proteção contra descarga atmosférica, o popular “para-raios”.

No documento enviado à comissão, o CBMAL concluiu que o HGE se encontra irregular, com sistemas e instrumentos preventivos deficientes, inoperantes e inexistentes e que é urgente a regularização das condições do prédio.

Diante do exposto, Cabo Bebeto ressaltou que “a situação é crítica e representa total falta de respeito com a vida do povo” e questionou a demora da entrega do referido documento, visto que está pronto desde 05 de outubro de 2021 e questionou: “Por que será que só foi enviado agora?”.

Cabo Bebeto fez um apelo ao Ministério Público Estadual para que tenha com o HGE o mesmo empenho que demonstra quando fiscaliza empresas privadas no que diz respeito aos alvarás de localização e funcionamento, pois “as regras devem ser aplicadas a todos”.

Apartes

Em aparte, Davi Maia (UB), lembrou a visita feita em setembro de 2021 e disse que, mesmo após tanto tempo, começam a aparecer os frutos. Agora, o documento oficial mostra que o HGE coloca em risco a vida dos pacientes e dos profissionais. “Vamos esperar ter um acidente para tomar as devidas providências?”, interrogou.

A situação de superlotação existente no HGE também foi rechaçada pela deputada Jó Pereira (PSDB), que fez graves denúncias e disse que os problemas existentes no Hospital ainda não foram solucionados, pontuando que o governo do estado, em 7 anos e 5 meses, não conseguiu olhar as dificuldades dos alagoanos. “O HGE é um problema que precisa ser solucionado e ser olhado com outros olhos, assim como toda a saúde pública do estado de Alagoas”.

Davi Davino (Progressistas) ressaltou a importância do tema abordado por Cabo Bebeto, lamentando que as pessoas sofrem pela má gestão do governo estadual. “Só nos comerciais a saúde de Alagoas funciona”.

Dudu Ronalsa (MDB) também fez uso da palavra e relatou que, durante a visita realizada junto com o deputado Cabo Bebeto, observou que no HGE ainda há muita coisa para melhorar.

Lobão (MDB) observou que a estrutura onde está instalado o HGE “é obsoleta”. Bruno Toledo (MDB) disse que o parlamentar (Cabo Bebeto) sempre teve extrema coerência em suas palavras e reconheceu que o governo Renan Filho deixou “alguns problemas”.

Após os apartes dos deputados, Cabo Bebeto encerrou seu pronunciamento e disse que “a secretaria de Saúde na gestão Renan Filho deveria se chamar secretaria de Obras e Empregos. Essa foi a herança deixada por Renóquio, com super empregos e super salários (para os amigos). Os que amam a saúde de Alagoas mataram muitos alagoanos com falsas promessas”.

Governo Federal

Ainda durante a sessão, Cabo Bebeto destacou a assistência do Governo Federal às vítimas das chuvas em Alagoas e agradeceu o envio de recursos para a população atingida.

O parlamentar lembrou a visita do ministro do Desenvolvimento Regional, Daniel Ferreira, a Alagoas, onde anunciou a liberação de R$ 2,5 milhões para os municípios de São Miguel dos Campos e Rio Largo e, no início da noite desta terça-feira, 31 de maio, anunciou a liberação de mais R$ 3,3 milhões para outras duas cidades afetadas, sendo R$ 3,1 milhões para o município de Penedo e outros R$ 212 mil para Roteiro.

“Ontem a prefeitura de Penedo, por meio de suas redes socias, agradeceu ao Governo do Estado pela ajuda prestada, todavia esqueceu de agradecer ao Governo Federal que demonstrou, desde o início, preocupação com a população alagoana e que prontamente forneceu ajuda nesse momento tão difícil”, observou Cabo Bebeto.

“Entendo que esse não é o momento de pensar em política, mas sim nas pessoas que foram atingidas pela catástrofe. Tão importante quanto a disponibilização de recursos para as ações de resposta, são os recursos para ações estruturantes de médio e longo prazos. Investimentos em infraestrutura e na melhoria da qualidade de vida da população são essenciais para diminuir a suscetibilidade e vulnerabilidade aos desastres”, finalizou o deputado.

Texto: Gabriela Flores

Foto: Ascom ALE